v. 80 n. 317 (2020): Cristianismo e Sexualidade

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Cristianismo e sexualidade é destaque temático deste número da REB. Uma modesta contribuição, porque ousa aproximar-se de três universos: sexualidade humana, cristianismo, e relação entre ambos. Mesmo assim, uma contribuição para um já e sempre tão explorado assunto? Sim, e por várias razões. Entre elas: por sua centralizada antropológica – a relação de identidades pessoais que se encontram e se transcendem a si mesmas na mútua oferta e acolhida; por sua consequente conexão com experiência religiosa, ou seja, com Deus-Amor-Misericórdia; por seu caráter pessoal, único e irrepetível – portanto, um dado sempre íntimo, novo e múltiplo; pelo dinamismo histórico-hermenêutico no que tange à superação de tabus e à reafirmação da positividade seja da afetividade-sexualidade, do cristianismo e da relação humano-divina, divino-humana; pelo dinamismo de antigos e novos sujeitos sociais e, consequentemente, por sua demanda à sociedade como um todo e às igrejas, em particular, dentre elas, à Católica.

A diversidade e a pertinência de considerações, circunstâncias e possibilidades é aqui representada por vários autores e suas respectivas proposições: Aureliano Pacciolla e Vagner Sanagiotto, a partir de uma investigação empírica sugerem caminhos para a formação afetiva à Vida Religiosa Consagrada, o que, mudadas as circunstâncias, também se poderia dizer quanto à formação humana e matrimonial; Ronaldo Zacharias, ainda no âmbito da formação à VRC, mas também da sacerdotal, traz presente a necessidade de integrar as dinâmicas e variadas possibilidades e limites do mundo virtual, o que também se pode, mutatis mutandis, referir à família; Hervé Legrand, tendo presente sintomas de pedofilia e clericalismo, advoga a necessidade de mudanças de paradigmas na formação humano-eclesial; André Luiz Boccato de Almeida, Robson Ribeiro de Oliveira Castro e Thales Martins dos Santos evidenciam a conexão entre cristianismo e sexualidade a partir do amor erótico na Amoris Laetitia, realçando a visão positiva e propositiva a respeito do corpo e da sexualidade; Maria Emilia de Oliveira Schpallir Silva, pleiteia a afirmação da identidade e autonomia da mulher, avaliando se a conceituação de gênero contribui para tal fim; Paolo Cugini analisa algumas contribuições recentes, particularmente na Evangelii Gaudium, que podem ajudar a aprofundar a relação entre pessoas homossexuais e comunidade católica; João Décio Passos e Leomar Nascimento de Jesus situam os grupos LGBT a partir das posturas pastorais do Papa Francisco e da oposição explícita que ele tem enfrentado por parte de segmentos da Igreja católica; Francisco de Assis Souza dos Santos e Elizeu de Oliveira estabelecem uma interface entre o itinerário cristão, no que diz respeito à sexualidade, e o erotismo presente na narrativa bíblica do livro do Cântico dos Cânticos, apresentado como uma referência de positividade; José de Arimathéia Cordeiro Custódio espelha o ideal de castidade, no século XI, interpretado pelo percurso biográfico do rei Eduardo, da Inglaterra, do filósofo Pedro Abelardo e do monge Santo Anselmo; Lúcio Souza Lobo e João Pedro da Luz Neto, partindo do corpo feminino como experiência pessoal cristã de Heloísa, apontam a contestação do corpo como sendo “desprezível” e devendo ser “rejeitado”.

Na seção Temas variados, Ivone Gebara, através do estudo e da reinterpretação da experiência espiritual da Bem-aventurada Alix Le Clerc, afirma a cidadania eclesial da mulher; por sua vez, Matthias Grenzer e Marivan Soares Ramos acercam-se da presença da água nas evocações dos salmos e descobrem elementos de ecoespiritualidade no antigo Israel que enriquecem as atuais perspectivas ecológicas e motivam comportamentos condizentes.

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Elói Dionísio Piva ofm

Redator

Publicado: 2020-12-11

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