Vol. 82 N.º 323 (2022): Igreja católica e Pandemia Covid-19
Este número da REB vem no quase imediato pós-auge da crise pandêmica da Covid-19 e na memória da abertura do Concílio Vaticano II – 60 anos depois. Pode-se, certamente, associar estas duas indicações aos sinais dos tempos, tão inspiradamente evocados por São João XXIII, e tomá-las como convite ao discernimento da vontade de Deus. Aqui, porém, só será tomada em consideração a primeira indicação, ou seja, a crise da Covid-19. E também não o será no alcance do título do dossiê – Igreja católica e pandemia Covid-19 –, mas não de minúsculas evocação e convocação.
Em resumo, parte-se da constatação, em nossa cultura ocidental (relativamente globalizada e, aqui, com destaque no Brasil), do esforço humano e fundamental para transpor a finitude que a morte inexoravelmente apresenta. De tal maneira, porém, que foge-se desta, minimizando-a e negando-a socialmente. Ora, a tese é que sua banalização e, portanto, o não confrontar-se com ela significa proporcional descaso para com a pessoa que a padece, em outras palavras, para com a vida. Neste contexto, não há como não ouvir a pergunta pela missão dos discípulos-missionários de Jesus Cristo e de como ser testemunhas do amor do Pai, no Espírito Santo, que ele, Jesus, traz como boa nova de esperança e de vida plena. Este testemunho de amor se manifestou, se manifesta e manifestará no cuidado pastoral de toda a Igreja que, assim, manifesta o cuidado personalizado de Deus Pai em relação a toda a humanidade e a toda criatura. Portanto, o sinal dos tempos da aludida pandemia é também um forte convite de renovação, pessoal e estrutural, no sentido de alinhamento com o Concílio Vaticano II, ou seja, de ater-se ao Evangelho de Jesus Cristo e à dignidade da pessoa humana e, a partir dessa premissa, proceder a uma decorrente conversão eclesiológica e pastoral, fazendo com que as lideranças do Povo de Deus estejam ora à frente, ora no meio, ora atrás do rebanho. Uma provocação e tanto, e sadia. Cf. as contribuições de Renato Alves de Oliveira, Tiago de Fraga Gomes e Luís Felipe Carneiro Marques.
Não menos importantes e sugestivas as ofertas de Paulo Cugini, Paulo Sérgio Lopes Gonçalves e Douglas Felipe dos Santos, que apontam conectividade entre o que se entende por secularização e/ou pós-modernidade e a afirmação cristã da Encarnação do Verbo de Deus; de José Aparecido Gomes Moreira, que relaciona a Carta a Diogneto à Fratelli Tutti; de Martín Carbajo Núñez, que apresenta a economia do nós da Escola franciscana; e de Alvori Ahlert, Silvana Filippi Chiela Rodrigues e Irineu Costella, que, ainda no contexto da pandemia, atestam um exemplo de consciência solidária.
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Elói Dionísio Piva ofm
Redator