v. 58 n. 232 (1998): Medellín - 30 anos

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Medellín - 1968. Trinta anos de um dos momentos referenciais da Igreja na América Latina! E tempo suficiente para um balanço, que nos proporcione alguma noção de onde nos encontramos agora, para uma revalorização e retomada de suas inspirações. Assim, poder-se-á combinar avanço e tradição, mudança e identidade cristã.

Medellín não é, porém, um momento isolado na história. É antes uma expressão e uma interpretação do Vaticano II, que, por sua vez, exprime e caracteriza a então autoconsciência da Igreja e, portanto, a consciência de sua missão e de sua relação com o mundo. Medellín manifesta a consciência e a paixão evangelizadora da Igreja na América Latina. Manifesta a inspiração, a preocupação e a determinação de se inclinar sobre a realidade sócio-religiosa daquele momento histórico no Continente, a fim de estabelecer prioridades e adequaria linguagem do anúncio salvador de Jesus Cristo às circunstâncias históricas das pessoas. É o amor-próprio do Bom Pastor, consciente de suas raízes e de seu futuro, que atuou naquele momento, também a partir das circunstâncias locais c temporais e em função da salvação integral da pessoa humana.

É esta inspiração amorosa e historicamente lúcida que Medellín nos deixa, a fim de continuarmos, nós também, sondando as raízes e a história, a fim de viver e adequar historicamente a atuação libertadora do Reino de Deus. Recordar isto é qualificar nossa atuação. E colocar-se no constante dinamismo da conversão. E reavivar o amor do Bom Pastor. E consagrar-se, como Jesus, à causa da Justiça de seu Reino. É colocar-se, constante e atentamente, à escuta dos sinais dos tempos e dos lugares. E ter sensibilidade cultural. E olhar as pessoas e o mundo com os olhos do Deus de Jesus Cristo. É atuar no e com o Espírito Santo. E situar-se e ressituar-se na história. Para vislumbar isto, é com prazer que a REB se faz portadora dos estudos e do testemunho de Francisco Morás, José Oscar Beozzo, Paulo Suess e Dom José Maria Pires.

1998 é também o ano cinquentenário da Declaração dos Direitos Humanos pelas Nações Unidas. Frei Nilo Agostini nos relata o percurso do despertar da consciência para a dignidade humana de todas as pessoas, sua repercussão e atuação no âmbito das Igrejas cristãs e, particularmente, da Igreja Católica.

Por fim, Luís Corrêa Lima analisa pontos controvertidos do documento da Santa Sé: Nós recordamos - uma reflexão sobre a Shoah (holocausto). Tendo a complexidade das relações judaico-cristãs como pano de fundo, deseja demonstrar a passagem do Jesus judeu à cristandade antijudaica e sondar as atuais perspectivas de entendimento entre cristãos e judeus.

Gratos aos articulistas, desejamos aos leitores bons frutos neste colóquio.

Elói Dionísio Piva, ofm

Redator

Publicado: 2021-02-09