V. 60 N. 239 (2000): Sacralidade interior
Assistimos, há algum tempo, ao retorno de antigas formas de expressar a busca e a experiência do Infinito e do Inefável. Palavras ou expressões, como: volta do sagrado, mistério, misticismo, magia, cura, new age, esoterismo, astrologia, tarô apareceram ou reapareceram com certa insistência. O que sinalizaria isto?
Com o destaque à “sacralidade interior” dado neste fascículo, juntamente com o autor, Marcial Maçaneiro, deseja-se contribuir para o discernimento do fenômeno humano-religioso de nossos dias em duas direções complementares. Primeiro, apontando para o fundamental e decisivo que envolve a experiência religiosa e para a riqueza da linguagem simbólica, arquetípica e tradicional que a expressa. Em segundo lugar, resgatando, em tempos de nova evangelização, o valor e a importância de uma adequada pedagogia tanto para a busca como para a comunicação, existencial, do que se crê, se vive e se celebra. Redescobrir as sendas da mistagogia cristã (zelo e sabedoria pedagógicos para falar do mistério divino) significa acessar uma oportunidade de discernimento e de evangelização. Para isso, ajuda-nos a atenção ao sentido da linguagem simbólico-religiosa. Ela nos conduzirá a uma postura sabiamente humana, profética e, portanto, existencialmente empenhada e libertadora.
Comefeito, é da experiência religiosa que se alimenta, ganha força e se embeleza toda a atividade em prol do Reino de Deus.
Um caminho semelhante demonstraram ter percorrido as Comunidades Eclesiais de Base, quando, no X Encontro realizado em Ilhéus, de 11 a 15 de julho, seguiram, como eixo pedagógico de suas reflexões, estes três momentos: memória, sonho e compromisso. Confira com João Batista Libânio.
Fim de século e de milênio foi e continua sendo uma oportunidade de balanços. Antônio Moser o faz em relação aos últimos 50 anos de caminhada da Teologia Moral, particularmente em relação à Moral Renovada. Conseguiu esta, no seu todo, captar os antigos e novos desafios que se apresentaram no caminho da realização humana e dar-lhes uma resposta adequada? Confira!
Como aconteceu e, sobretudo, como poderia idealmente acontecer no presente e no futuro a transmissão da fé na nova evangelização na América Latina e no Caribe?Aose projetar a atual e a futura evangelização, apresentam-se linhas de uma Igreja-utopia. Luiz Alves de Lima sinaliza para a realização, o sofrimento e o encanto deste sonho.
No ano jubilar de 2000, dedicado em ação de graças à SS. Trindade, João Luiz Correia Júnior nos apresenta uma bela síntese da compreensão que conseguimos ter de Deus e que em muito pode ajudar na evangelização em nossas comunidades eclesiais.
José Oscar Beozzo, partindo de intuições expressas na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Ecclesia in America, no que se refere à busca da justiça social no Continente, dá algumas sugestões de conteúdo e demétodo para se avançar neste campo que tanto assola nossa gente.
Enfim, Maria – Nossa Senhora: O que ela diz aos povos do terceiro milênio? Tendo presente a gravidade da realidade sócio-econômica dos pobres e excluídos, Lina Boff nos reapresenta, como hermenêutica do Magnificat, a evangélica mística de Deus, que ouve o clamor de seu povo e, misericordioso, intervém na história humana para salvá-lo, convocando-nos para sermos Seus discípulos.
Elói Dionísio Piva, ofm
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