v. 66 n. 264 (2006): Celebração da Fé

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Desta vez, a REB tem a satisfação de convidar seus leitores para uma revisitação da celebração da fé no mistério de Deus, revelado por e em Jesus Cristo. Certamente é uma ação quase diária ou semanal para a maioria. E, se entre as formas de celebração a eucarística representa a fonte e o cume da ação da Igreja, como nos ensinam os Padres do Vaticano II, então nada mais convidativo do que sempre tomar distância para uma sempre nova aproximação. Como um hábil cicerone e de maneira didática, José Ariovaldo da Silva, retoma, para os mais experientes, e indica, para os mais iniciantes, conceitos básicos sobre “liturgia” e “celebração”, apontando, em seguida, a benéfica ação de Deus em favor das pessoas. Uma vez constatada esta ação, surge o desejo de se apresentar para uma missão pessoal e socialmente transformadora. Uma dinâmica circular e permanente: do presente ao passado e do passado ao presente e ao futuro; uma dinâmica que realça, que torna célebre a ação de Deus e o resgate da dignidade humana sempre que alguém se compromete, por amor, com o bem-estar integral do ser humano.

Relacionada com esta participação na missão de Deus, está a formação de lideranças de comunidades de fé, particularmente de candidatos a ministérios eclesiais, e especificamente de sacerdotes. Sílvio José Benelli levanta então uma pergunta, antiga e sempre nova: em nossos seminários e/ou casas de formação, temos clareza a respeito das motivações pelas quais, mais ou menos conscientemente, adotamos determinados paradigmas eclesiais, humanos e pedagógicos na preparação de pastores do povo de Deus? Partindo de uma situação específica, Benelli ajuda a tomar consciência de alguns paradigmas e assinala a importância de se buscar os melhores caminhos para uma melhor articulação entre ministérios e razão de ser da Comunidade eclesial.

Da liturgia e da formação, o convite, agora, é para estender os horizontes. E neste panorama imaginário mais extenso, deparemo-nos com o fenômeno da vida sobre a Terra, com suas multiformes manifestações e segredos. É o ser humano que continuamente amplia seus conhecimentos teóricos e técnicos, chegando à manipulação da vida, à maior possibilidade de tomar consciência de um novo campo do saber: o das ciências da vida e, especificamente, da ética em relação à mesma. Em boa hora, Leo Pessini reúne dados, para, de maneira informal e didática, trazer presente a contribuição dos que ajudaram e ajudam a configurar o que hoje se convencionou denominar sob o termo de “bioética”. Mas o importante mesmo é que acompanhar os avanços e tomar consciência de questões e dilemas atuais certamente nos ressitua como co-irmãos e corresponsáveis com e por toda a Criação.

Outro panorama neste vasto horizonte para além da Igreja católica, também em parte decorrente de avanços científicos e técnicos, recoloca o leitor no convívio com as mais diferentes tradições e opções religiosas. A simples alusão a “convívio” já alude, certamente, a uma utopia, a um ideal. Pode-se então perguntar: que fundamentação teórica e prática favoreceria este convívio, na diversidade religiosa que chega hoje a quase todas as pessoas? É aqui, que Maria Clara Bingemer e Gilbraz de Souza Aragão afirmam: há dados provenientes das ciências físicas que podem ajudar na formulação de uma compreensão ou teologia do diálogo inter-religioso, pressupondo a diferenciação e almejando complementaridade, para que, no final, o co-existir humano possa ser prazeroso e esperançoso convívio.

Que a partilha das considerações deste fascículo seja proveitosa a todos!

Elói Dionísio Piva ofm

Redator

Publicado: 2006-04-11