Discurso católico e discurso estrangeirado
(Sobre o caráter imigratório do discurso católico no Brasil)
DOI:
https://doi.org/10.29386/reb.v50i199.3034Resumen
O debruçar-se da inteligência brasileira sobre as origens indígenas deste país e o esforço em relativizar a influência europeia sobre a formação da cultura nacional constituem uma luta árdua que já se trava por mais de século e meio. É de certa forma uma luta do brasileiro contra si mesmo, contra a ideologia estrangeirada que habita o corpo social. É um oscilar entre dois mundos, o mundo dos valores europeus e ocidentais em geral trazidos por sucessivas ondas de europeização desde a primeira nos anos 1500, e do outro lado o mundo mais antigo, mais rejeitado, dos valores indígenas e africanos. De forma lapidar escreveu José Honório Rodrigues no prefácio à segunda edição de seu livro Brasil e África: outro horizonte: “Somos uma república mestiça, étnica e culturalmente; não somos europeus nem ‘latino-americanos’; fomos tupinizados, africanizados, orientalizados e ocidentalizados. A síntese de tantas antíteses é o produto singular e original que é o Brasil atual” (Rodrigues, 1982, 14-15).
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