v. 54 n. 215 (1994): Laicidade da VR

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Em outubro, a Vida Religiosa ocupará a atenção do sínodo dos bispos. Ela, enquanto expressão da vocação universal à santidade e dom que Deus concede à sua Igreja, transcende todas as classificações. No entanto, como se manifesta no mundo, gera uma relação dialética, sacramental. Sempre de novo, o dom pode ser acolhido ou rejeitado e, consequentemente, a consagração pode ou não acontecer.

Portanto, uma vez que acontece na história – teste de sua veracidade importa ressituar constantemente esta dimensão humana, que re-liga com o transcendente, e reavaliar a autenticidade da consagração a Deus. Vale perguntar – e a pergunta ganha maior pertinência para os que se congregam a partir desta consagração – como é que esta dimensão nos situa em relação ao transcendente e ao secular, e, nas instâncias do Povo de Deus, em relação aos leigos e ao clero. Em particular, como nos situa em relação aos excluídos da mesa humana. Por certo, é nesta relação que se testemunha ou não a consagração aos valores do Reino.

Evidentemente, ao se considerar a Vida Religiosa, tocam-se dimensões essenciais da Igreja e o equilíbrio é sobremaneira desejável. Tendo, pois, condividido seu trabalho com a Equipe de Reflexão Teológica da CRB, Clodovis M. Boff nos convoca a uma reflexão corajosa que tem o mérito de nos levar às fontes e à inspiração, ao sonho e à utopia da RV.

Por coincidência, em 1993/94 celebrou-se o 8o centenário do nascimento de Santa Clara. Como se articulou e se expressou nela e em Francisco de Assis – seu inspirador – a utopia da dimensão religiosa? Qual o fascínio do sonho deles? Honório Rito de L. Brasil nos fala disso.

É óbvio que, com todos os homens, também os cristãos são chamados a participar responsavelmente da gestão da cidade terrena. O que importa, porém, é a consciência dos fundamentos do exercício qualificado da cidadania. Buscando um “modo ético” para a atividade política, o prof. Augusto de Franco evoca o exemplo de M. Gandhi e faz ressoar o espírito das Bem-aventuranças na administração dos conflitos humanos. Por sua vez, o prof. Paulo F.C. de Andrade fundamenta e ilumina a participação política dos cristãos, com critérios de ordem teológico-pastoral.

Há pouco aconteceu o sínodo da Igreja africana e, apesar de nossas expressivas vinculações étnico-culturais com aquele continente, relativamente pouca informação chegou até nós. Felizmente, porém, Marcelo de Barros Souza, próximo ao encontro, nos apresenta os temas que mais interpelam a Igreja africana no momento e, do evento, busca inspiração para nossa realidade eclesial.

Por fim, certamente vale a pena perguntar por um aspecto cotidiano do exercício ministerial do padre, do evangelizador: a homilia, como vai? A quantas anda a comunicação? Possivelmente não será supérfluo verificar o que Jerônimo Gasques tem a nos dizer a respeito.

Frei Elói Dionísio Piva

Redator

Publicado: 2021-05-24