v. 57 n. 225 (1997): RCC e CEBs
“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,13). Ora, como este anúncio acontece em roupagens culturais e como as culturas se encontram em constante evolução, os seguidores do Deus que em Jesus Cristo se encarnou são convidados a prestar ouvidos, sempre de novo, tanto aos apelos dos tempos e dos lugares como à voz do Mestre. Sintonizar-se com os sinais dos tempos é uma prova de amor ao Mestre, às pessoas e a si próprios. Um dos sinais da autenticidade do testemunho de Jesus Cristo é justamente esta busca de sintonia com os sinais dos tempos, não evidentemente num sentido concordista, mas sim, para adequar a forma ou a linguagem do anúncio da Boa-Nova. Estar atentos ao que acontece, ao que surge de novo também é um sinal de amor ao próximo e de fidelidade à Tradição da Igreja.
Neste sentido, Jorge Atílio Silva Iulianelli apresenta um quadro comparativo entre a RCC e as CEBs. Ambas são expressões na e da Igreja de hoje. Ora, identificar as diferenças e as semelhanças significa um esforço para situar-se ou re-situar-se na Igreja e no mundo, buscando a verdade na prática da caridade e no exercício da convivência com variadas formas de expressão da ré em Jesus Cristo.
Ari Pedro Oro, ampliando a observação do fenômeno religioso para além da Igreja institucional, identifica algumas formas modernas em que se manifesta a busca de Deus. Elas emergem do pano de fundo do momento histórico que a humanidade vive, repercutem na Igreja, quando não nascem em seu próprio seio, e colocam novas questões para a identidade cristã.
Ampliando o horizonte abordado por Iulianelli e situando-se na perspectiva do 9o Intereclesial de CEBs programado para acontecer no próximo mês de julho em São Luís do Maranhão, Dom Alfonso Felippe Gregory e Nicolau João Bakker apresentam uma contribuição ao debate preparatório do encontro, considerando o primeiro a relação entre CEBs em contexto urbano e rural; e o segundo, dentro do novo quadro sócio-eclesial de hoje, pergunta pelas causas da “estação da seca” das CEBs. Evidentemente, a busca das causas de algum fenômeno ajuda a Igreja a se situar melhor no contexto em que vive.
Levantando o olhar para a Igreja na América, é preciso não perder de vista o convite feito por João Paulo II para um sínodo especial dos bispos da mesma América. Os trabalhos para tal fim estão em andamento. Os Lineamenta foram elaborados e representam um primeiro passo na preparação temática para que a esperança que alimenta o encontro se concretize em resultados práticos que levem em consideração a herança da Igreja neste Continente e o sentido de comunhão com toda a Igreja. São um convite à participação. Portanto, cada batizado, por si ou coletivamente, é convidado a participar, respondendo ao questionário dos Lineamenta ou apresentando suas próprias sugestões. O bispo de sua diocese ou a conferência episcopal de seu país têm prazo até o mês de abril deste ano para encaminhar sugestões para elaboração do Instrumento de Trabalho deste encontro que ainda não tem data definida. Para nossa informação e uma primeira troca de pareceres veja-se o balanço dos Lineamenta, apresentado por José Oscar Beozzo.
Ao volver, mais uma vez, o olhar para além dos limites da Igreja e para o aspecto sócio-econômico de nosso Continente ou mesmo do mundo, não há como negar a permanência e até mesmo, em certos aspectos, a recrudescência deste apelo que vem de situações de miséria e pobreza: “tive fome...” A erradicação destes males continua sendo uma obra de misericórdia, um sinal profético esperado principalmente dos cristãos. Veja o que diz José Maria Vigil a respeito.
Um balanço da TdL aos 25 anos - por que não? Valorizando adequadamente o passado, temos melhores condições de bem situar-nos no momento presente, de melhor entender nossa missão de testemunhar o amor de Deus Pai por nós. Veja o que José Ramos Regidor nos tem a lembrar ou a informar sobre isso.
Elói Dionísio Piva, OFM
Redator