v. 60 n. 240 (2000): Tradição viva

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Normalmente toda pessoa, enquanto integrante de uma família, é estimulada a receber, reinterpretar e retransmitir com carinho a herança de seus Pais. Enquanto membro de alguma instituição, a herança dos Fundadores. Enquanto membro da Igreja Católica, a dos Pais e das Mães na fé. E se isto se dá individualmente, o mesmo acontece em relação à Igreja, enquanto Povo de Deus ou como um todo: como tal ela é convidada a acolher, reinterpretar e retransmi­tir com carinho seu próprio património espiritual. Mais: este é um convite que se apresentou e que também pode se apresentar em forma de interpelação à sua própria identidade. E como tem sido, assim ele pode também se oferecer como oportunidade em que a herança dos Pais e das Mães se revele como referência fundamental de autocompreensão e, portanto, de pos­sibilidade de diálogo.

Hoje, nas atuais circunstâncias culturais e religiosas, a Igreja volta a ser interpelada, de uma maneira mais incisiva do que em outros momentos, a respeito de si mesma, ou seja, a respeito de sua identidade. Por isso, sente-se provocada a re-articular sua autoconsciência, assim como o fez, a seu tempo, no Vaticano II, exprimindo o resultado na Constituição Dogmática Lumen Geníium. São circunstâncias como estas que a convidam a reinterpretar, de maneira nova e criativa, o testemunho dos Pais e das Mães na fé, ou seja, o rico patrimó­nio espiritual e cultural da experiência de seguimento de Jesus Cristo que vem sendo legado de geração em geração e que denominamos “Tradição viva da Igreja”.

Mas o que se entende por “Tradição” ou por “Tradição viva” na vida da Igreja? Como articular fidelidade à Tradição eclesial com o multiforme fluir histórico-cultural? Como abordar a relação ruptura-continuidade, alteridade-identidade? Para isso, convido o leitor, a leitora para conferir o que o texto de Dimas Lara Barbosa, que buscou conselho junto ao Pe. Yves Congar, de saudosa memória, sugere a respeito.

Passando do geral para tópicos e recordando os 50 anos da JUC no Brasil, nos pergun­tamos: o que a experiência da Ação Católica, particularmente da JUC, nos lega? Para res­ponder a esta pergunta contamos com o depoimento de Luiz Gonzaga de Sena, militante da JUC, que nos brinda - nesta primeira parte do depoimento - com seu testemunho e sua aná­lise a respeito do método “ver-julgar-agir”, que, mais que um simples método, se tomou uma concepção de vida. Uma página de nossa história católica foi ali escrita.

Prosseguindo neste filão e a despeito da necessidade de uma constante autocrítica em função da centralidade de Jesus Cristo Salvador, ousamos perguntar: o que nos lega - a nós, cristãos, não só católicos - a tradição popular latino-americana a respeito da veneração aos santos? Vale conferir as considerações de Ricardo Willy Rieíh.

Colocado na boca de Maria, que aspecto da Tradição cristã evoca, para nós, situados na passagem deste milénio, em meio a gritantes desafios sociais, o Magnificat? A pergunta é um convite para acompanhar a segunda parte das considerações de Lina Boffsobre a fala de Maria aos povos do terceiro milénio.

E no final dos ensaios deste fascículo, retomamos a considerações de ordem geral. Sen­do que, de maneira mais intensa e imediata do que no passado, somos hoje colocados em rápi­do contato com diferentes culturas, quais são as perspectivas, as interrogações e as perplexi­dades que nos visitam no caminho ecuménico? Que reações suscita a Declaração Dominus Jesus? Você pode conferir isto com Faustino Luiz Couto Teixeira, estudioso de ecumenismo.

Que a riqueza daquele que se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza e o testemu­nho dos Pais e das Mães na fé e na caridade nos dêem ajusta medida do apreço pela Tradição viva da Igreja de Jesus Cristo.

 

Elói Dionisio Piva, ofm

Redator

 

Publicado: 2000-12-31

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