v. 63 n. 251 (2003): Diálogo inter-religioso a partir dos pobres

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Neste fascículo da REB evidenciamos mais uma vez o tema do “diálogo”, particularmente do diálogo inter-religioso. Talvez concordemos nisso: diálogo pressupõe escuta e partilha. Escuta pressupõe admiração. Partilha pressupõe identidade, generosidade e acolhida. Este tipo de postura, pessoal e/ou comunitária (eclesial), acontece na materialidade de todas as formas de vida. E materialidade – aqui também incluído todo cultivo do espírito (âmbito das culturas) – é chance e condição de transcendência. Transcendência é o termo para indicar a mobilidade de sentido. Sentido presente na materialidade do encontro e do diálogo, mas com ela não identificado. Sentido qual centro deslocado para fora da materialidade, para além, transcendente. E, no entanto, o carinhoso cuidado na relação com o cotidiano anuncia unção transcendente. Esta unção transcendente justifica relações pessoais e eclesiais dialogantes. A condição material sozinha é, porém, ambígua: pode ser chão de evento iluminado ou de evento pecaminoso, ou seja, injusto, chão de incluídos e excluídos, de vencedores e vencidos. Assim, repropor o diálogo inter-religioso a partir dos pobres é empreender o caminho da transcendência a partir da materialidade e da materialidade a partir da transcendência. É empreender o caminho do anúncio do Reino e da denúncia do anti Reino a partir de suas conseqüências. Neste sentido, confira as provocantes reflexões de Francisco de Aquino Júnior, a respeito do diálogo inter-religioso a partir dos pobres, e de Clauber Pereira Lima, a partir da explicitação da transcendência, como questão, em Sartre.

Também Hubert Lepargneur, apresentando impactos eclesiológicos a partir do ponto de incidência “Filioque”, aponta impasses no caminho do diálogo inter-religioso. Estes impasses são alimentados por diferenças culturais, aqui muito bem colocadas, e pela dificuldade em relacionar materialidade, em sentido amplo, e transcendência nas relações de poder.

O Pe., sociólogo e professor, Luiz Roberto Benedetti constata um dilema das Universidades Católicas. Este dilema parece afetar a identidade, qualificada tradicionalmente como “católica”. Conseqüentemente, a relação entre “pastoral” e “administração” parece ter amarelado. Como, pois, redescobrir e redimensionar “catolicidade” ou “pastoral” na administração de resultados? Ou, como redescobrir e redimensionar eficiência administrativa com a missão do “pastor” no meio universitário?

Liturgia, ação viva do povo de Deus organizado: 400 anos depois de Trento e 40 anos após a Constituição Apostólica Sacrosanctum Concilium do Vaticano II! Dom Boaventura Kloppenburg, bispo emérito de Novo Hamburgo e ex-redator desta Revista, sintetiza, seja a natureza desta ação do povo de Deus, seja os eixos básicos que auxiliam uma liturgia permanentemente referida ao mistério de Jesus Cristo e ao povo celebrante.

Uma contribuição também de muito interesse, pois ajuda a auto-avaliação: A historiadora e professora Solange Ramos de Andrade David analisa a abordagem que foi divulgada pela REB entre os anos de 1960 e 1980 a respeito das manifestações populares do catolicismo no Brasil. Qual teria sido, então e em termos gerais, a ótica em que foram vistas as referidas manifestações religiosas e, portanto, o que, mais ou menos conscientemente, se teria pretendido? Confira.

A Você, querida leitora, caro leitor, uma proveitosa reflexão!

Elói Dionísio Piva, ofm

Redator

Publicado: 2003-05-22