v. 71 n. 284 (2011): Igreja no Brasil, para onde vais?

					Visualizar v. 71 n. 284 (2011): Igreja no Brasil, para onde vais?

Neste ano, a Igreja no Brasil, através da CNBB, lançou as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2015). Testemunho de orientação conjunta e resultado do esforço, também conjunto, da análise dos sinais dos tempos e da escuta e discernimento do Mandato de Jesus Cristo, em vista da eficácia da ação evangelizadora. Agradecida, a REB também se junta neste caminhar eclesial, implementando o conhecimento das Diretrizes. E entende que elas, mesmo representando o esforço conjunto de análise dos sinais dos tempos e de escuta da missão da Igreja em nosso país e neste “momento”, por sua natureza, permanecem um espaço aberto à contínua construção e reconstrução de discernimentos. Deste modo, além de apresentar um resumo das Diretrizes e, assim, implementá-las, a REB também se apresenta como um espaço de exposição de ideias e debate, visando tanto a continuidade do discernimento dos sinais dos tempos quando da própria missão evangelizadora confiada por Jesus Cristo. Por isso, junto com o irrestrito apoio e como parte dele, reforça a tese de que o ser humano, particularmente o pobre ou o empobrecido – em todos os sentidos –, é o lugar concreto e privilegiado para se descobrir e testemunhar a presença de Deus, como também para anunciá-la, de diferentes maneiras. Neste fascículo, a recepção, tanto pura e simples, como criativa e crítica, é feita por Paulo Suess, Agenor Brighenti e

Francisco de Aquino Júnior. Eles possibilitam pensar, agindo, e agindo, pensar.

Também neste ano, e de modo mais acentuado do que de costume, ressoa a centralidade da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, assinalada pelo Sínodo dos bispos de 2008 e pelo Papa Bento XVI na Exortação Apostólica Verbum Domini. Luís Stadelmann, ao tratar da hermenêutica da Palavra de Deus no Antigo e Novo Testamentos, indica como esta Palavra é determinante na história humana.

Próximos aos 50 anos do início do Vaticano II, Antonio José de Almeida salienta o papel de João XXIII no referido Concílio. Papel inspiracional e decisivo! Suscitou-lhe o espírito e imprimiu-lhe o rumo. O Papa do Concílio esteve voltado ao ser humano e à Igreja católica naquele momento histórico; manifestou admirável confiança na presença e na condução da história e da Igreja católica por parte do Espírito Santo; era-lhe evidente o discernimento entre o conteúdo da Mensagem cristã e sua linguagem. Para ele, tratava-se de implementar propositivamente um novo anúncio da Boa Nova, convidando a ecumene cristã.

O ser humano a quem João XXIII se dirigia é aquele que, constituído de pessoas, tanto então como hoje, metaforicamente pode se reconhecer como se estivesse num campo de futebol. Com efeito, é nesse campo que se encontra tanto os limites (as quatro linhas, as traves, as regras do jogo etc.) como, paradoxal e felizmente, a possibilidade de sua transposição (aliás, o limite é indicado pela sua própria superação). Estes limites podem ser representados, por exemplo, na vida de um casal, pelo nascimento de um filho ou filha autista. Aqui situa-se a reflexão de Roberto Marinucci. Compartilhando a experiência dos próprios limites é que ele enxerga também o mundo como autista (a não percepção dos limites do campo de futebol) e se lhe configura, em nova evidência, o mistério da misericórdia de Deus em Jesus Cristo, que assume, conscientemente, o limite, a fraqueza, a derrota, o não-poder, a morte – limite, por sua vez, transposto pela ressurreição, ou seja, pela vitória da vida!

Enfim, com Neiva Furlin toma-se conhecimento do percurso da docência feminina em instituições teológicas católicas no Brasil, e se deseja que a participação feminina possa naturalmente se expandir.

Que a reflexão sobre e a partir da práxis evangelizadora potencialize o “sim” de cada um e de todos!

Elói Dionísio Piva ofm

Redator

Publicado: 2011-02-19