v. 77 n. 308 (2017): Religião e Violência

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Anunciamos o Evangelho de Jesus Cristo, o Evangelho da proximidade do Reino de Deus, o Evangelho da Vida e da Paz. Entendemos que esse anúncio é missão humana e cristã. Entendemos também que ele é colocado à prova. Pois, o contexto do testemunho e do anúncio, nem sempre é favorável; antes, é também endemicamente adverso. Com efeito, a violência que se apresenta através das mais diversas faces, é endêmica à condição humana, a toda criação e ao universo. Ademais, um pertinente alerta é dado pela pergunta e constatação: a própria religião, entendida em sentido amplo, não seria violenta?! Todavia, é nesse contexto também adverso que se proclama que a Vida vence a Morte, embora igualmente se exorte: creia nessa boa-nova!

Nesse número, a REB apresenta a contribuição de vários autores à reflexão em torno da violência, em torno da relação entre religião e violência. Uma reflexão que se pergunta pelas causas da violência e se coloca na escuta e na busca de perspectivas que a transcendam, de perspectivas que apontem para o testemunho da não violência, para a plenitude da Paz e do Bem.

Antonio Henrique Campolina Martins concentra-se no rosto litúrgico não violento de Edith Stein. Através da perspicaz percepção intelectual dessa filósofa judia e cristã e de seu testemunho de vida, vítima da violência, o Autor aponta para o itinerário do Cordeiro imolado, Jesus, testemunha de retidão, de força não violenta, e vítima da violência, mas que ressurge, não vingativo, e sim, trazendo a alegria de sua presença de ressuscitado e portador da Paz.

Luiz Alexandre Solano Rossi, selecionando um recorte bíblico, demonstra a presença da violência quer provinda dos assírios, quer da própria sociedade do Povo Eleito. E, ao indicar agentes e vítimas da violência, ressalta o conclamação dos profetas bíblicos em prol da superação dos sinais de discriminação, de exploração e de morte, através do empenho em prol da justiça e da paz.

Konrad Körner pergunta-se pelas causas da violência, particularmente da violência causada pela religião. Uma das causas que torna a religião violenta, segundo ele, é o narcisismo. O contraponto é dado pela Eucaristia de Jesus Cristo, dos participantes da ação de Jesus nas Comunidades de fé que se reúnem para celebrar Sua caridade.

Elismar Alves dos Santos, por sua vez, coloca na dimensão psíquica do fundamentalismo religioso um dos condicionamentos geradores de discriminação e de violência. Seria, pois, necessário dar condições e/ou tratar com sabedoria a construção da personalidade e cada ser humano.

Pedro Rubens, por ocasião dos 50 anos da Renovação Carismática Católica, referindo-a ao Concílio Vaticano II, apresenta uma avaliação de sua caminhada como movimento pós-conciliar e aponta algumas perspectivas para a fidelidade à inspiração conciliar.

Por fim, a esses autores somam-se vários outros; através de sua contribuição, seja na demonstração da violência seja na indicação de caminhos de luz, cada um deles e a seu modo sinaliza para a Paz que somente Deus, particularmente, aqui, o Deus de Jesus Cristo, com Cristo, por Cristo e em Cristo, pode dar.

Elói Dionísio Piva ofm

Redator

Publicado: 2017-07-27